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Otros Cuadernos de Saramago

Otros Cuadernos de Saramago

22 Abr, 2013

Homem novo

Culturalmente, é mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas. É sempre para que amanhã vivam pacificamente os filhos que hoje são sacrificados os pais... Isto (...)
Vejo nas sondagens que a violência contra as mulheres é o assunto número catorze nas preocupações dos espanhóis, apesar de que todos os meses se contem pelos dedos, e desgraçadamente faltam dedos, as mulheres assassinadas por aqueles que crêem ser seus donos. Vejo também que a sociedade, na publicidade institucional e em distintas iniciativas cívicas, assume, é certo que só pouco a pouco, que esta vio- lência é um problema dos homens e que os homens têm de resolver. De (...)
Não foi o santo que alguns louvavam nem o demónio que outros aborreciam, foi, ainda que não simplesmente, um homem. Chamou-se Álvaro Cunhal e o seu nome foi, durante anos, para muitos portugueses, sinónimo de uma certa esperança. Encarnou convic- ções a que guardou inabalável fidelidade, foi testemunha e agente dos tempos em que elas prosperaram, assistiu ao declínio dos conceitos, à dissolução dos juízos, à perversão das práticas. As memórias pessoais que se recusou a (...)
26 Dic, 2012

Dona Canô

Morreu Dona Canô, mãe de Caetano Veloso, Maria Bethânia e outros seis filhos. Era a matriarca de Santo Amaro. Dos Cadernos de Lanzarote, Diário IV, uma passagem não escrita por José Saramago mas sim por Pilar del Río, a pedido do Autor, contando a passagem por Santo Amaro, ao som de Caetano Veloso perante a presença de Dona Canô: O dia terminou em Santo Amaro, onde, como diziam os autocolantes que as pessoas levavam e que conservamos, «vi e ouvi Caetano em Santo Amaro». Há (...)
19 de agosto de 1996 El perro da tres vueltas sobre sí mismo, se tumba, se acomoda, suspira profundamente. Las vueltas, creemos saber por qué las da. Aun cuando el suelo que pisa sea una al- fombra, un cojín, una simple tabla lisa, el perro conserva grabada en los circuitos arcaicos del cerebro la necesidad silvestre de acamar la hierba y el mato antes de tumbarse, como hacían los lobos sus antepasados y los de ahora siguen haciendo. Nunca estuve tan cerca de un lobo como para ver si (...)
9 de febrero de 1995 Para la historia de la aviación. En Badajoz le han dado hoy nombre a una calle. El motivo, la causa, el pretexto, la razón o como quiera llamársele, tienen ya más de cincuenta años, y muy fuertes habrán sido para sobrevivir a los olvidos acumulados por dos generaciones, justificados éstos, en general, por el hecho de que la gente tiene más en qué pensar. No diré yo que los habitantes de Badajoz se tomaron este medio siglo y pico transmitiéndose unos a los (...)
De Saramago a Pepe, Greta y Camões. Los perros de Saramago son tres. Y los tres, por ese orden, llamaron un día a su puerta. Perros que vinieron a corregir un miedo de niñez en la memoria del escritor. Perros que, en realidad, son uno solo: el imaginario.   El perro es el mejor amigo del hombre. Eso me enseñaban en los tiempos de la vieja instrucción primaria, con clases por la mañana y festivo los jueves. El profesor era un hombre alto y calvo, grave en su posición de director, (...)